domingo, 30 de agosto de 2009

Um segundo de desespero

Você com seus vícios

E suas manias de grandeza

Seu ego exagerado

E seu eterno sofrimento.


Está enchendo sua banheira

Com toda a podridão

Que é normal no ser humano.

Não encontrará perdão.


Olhando para o mundo

Acabo olhando para mim mesmo.

Com todas as ganâncias

E desesperos.


Faltam novas cordas,

Vocais

Para gritar meu desespero.

Sobra um gosto de ferrugem

Em meu sorriso o tempo inteiro.


Faltam engrenagens

Que movimentem os meus passos,

Falta uma bússola, um norte, meu espaço.

Que me faça vencer o cansaço,

De ficar... A esperar


Não posso ver o que vai acontecer,

Vestido com ferro retorcido

E arsenais de rosas vermelhas.

Não posso crer, me vejo confuso

Olhando para o mundo

Acabo olhando para mim mesmo.

Com todas as ganâncias

E desesperos.

Sem nem saber o porquê.

domingo, 16 de agosto de 2009

AGONIAS DE UM PALHAÇO

“De onde vem o jeito tão sem defeito
Que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão”

Hoje estou triste e cabisbaixo, como a essência do que é perda, tentei ouvir música para me distrair, mas atolei pensando no trecho da música De Onde Vem a Calma do Los Hermanos. Talvez não seja minha música preferida, mas acho que é uma das que mais me fala sinceramente. “Faz parte do seu show” alguém me disse. (tudo bem, eu sei que tem gente querendo comprar um ingresso faz tempo). – O meu show é de horrores, e hoje o espetáculo é só para mim. Nele dançam, desequilibram e caem meus Vinícius. Um a um, se enforcam na grande tira de pano na qual desciam e subiam enrolados, tropeçam no vento e despencam da corda bamba. Rede de espinhos logo debaixo. E onde estão os palhaços? Os meus sempre foram fúteis e desqualificados, como velhos bêbados sem um pingo de graça, vergonha ou dó. Palhaços vestidos em 256 tons de cinza. Sete palhacinhos, e nenhum deles faz rir ou chorar. Os leões estão mudos. Os elefantes adormeceram sobre as almofadas da minha consciência. E novamente perguntariam “Onde foi parar o mágico?”. Foi assassinado. Meteu-se numa briga de bar por causa de uma vagabunda sensual e manipuladora, falhou ao tirar a arma desejada da cartola e morreu ali mesmo com três tiros, caído sobre os degraus à beira de paralelepípedos sujos. Alguns dizem que coelhos saíram da cartola para lamber o sangue que escorria, outros dizem que foram flores que saíram na hora do estampido e mais tarde jogadas no enterro, há quem diga que um anel que parecia ser de brilhante surgiu do truque e que ele fora levado pelo policial chamado à cena do crime. De qualquer forma, a viela era cinza, seu sangue agora também. A moça era pálida, seu vestido negro. O céu azul marinho com nuvens castanhas. E a história acaba aqui sem fim, sem cor, sem sabor.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Quatro

Uma batalha entre dois corpos,

Quatro pessoas.

Ele quer, ela nega.

Ela instiga, ele reclama

Mas aceita. Ela foge,

Ele vai atrás.

Dá-se o embate.

Pernas, braços,

Suor, hálito

No combate.

Dois guerreiros animalescos

Em golpes desesperados

Tentam alcançar sua vitória.

Partem arfantes, partem-se relutantes.

Entregam-se possuídos de desejo

Assistidos pelas entidades do prazer.

Lutam, marcam-se a unhas e dentes

A fim de tornar o corpo alheio

Seu território.

Beijam e chupam,

Devoram-se ansiosos.

Teus egos são inflados ao saber

De tudo o que mentem,

Todos que enganam.

São parceiros, são cúmplices

Coniventes da decadência

Libertam-se no último momento

Inundados da recompensa

Exibem, estremecidos, seus troféus.

Sempre guerreiros, perdedores jamais

Vão atrás de mais glórias carnais.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Obsevador

Eu estava ainda a pouco assistindo a um beijo, sim um beijo na TV. Um belo beijo era um casal tão bonito. Dois jovens magros e gostosos, ao tocar dos lábios a câmera valorizava a cútis da moça. Branca, pele viçosa e lisa, livre de marcas, uma boca bem desenhada, o rapaz tinha os cabelos encaracolados que lhe davam um ar muito gracioso e se vestiam com jeans despojados e justos. Na hora pensei: Como é bom ver um casal destes, não acham? Um casal com uma estética perfeita para encantar qualquer um e criar a vontade de ser como eles. Por outro lado, agora penso: Estou aqui babando por um casalzinho de modelos de TV? E daí que a boca da moça é saborosamente convidativa? E daí que eu gostaria de ter o porte e as roupas do rapaz? E daí que eu também gostaria de beijar alguém no telhado de uma grande construção? Eles parecem cultos e quem sabe sejam até politizados, mas não são, sei que eles só insinuam tudo são aparências ali. Eu quero alguém realmente culta, com conteúdo suficiente para me satisfazer. Não posso me derreter com uma cena planejada para me atrair ao que é padrão, eu quero o diferente. Sei que posso falar mais bonito que eles, sei desenvolver um bom discurso sobre qualquer assunto, sei ser doce e suave e às vezes marcante em minha fala. Todos aqueles estereótipos moram dentro dos meus olhos. – Antes que eu esqueça sou o Observador. Aos que nada entenderam disso aqui sugiro que procurem um canal de besteiras, aos que acham que leram algo aguardem, vem mais por aí...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jovens

A gente só quer diversão

Mas só conhece rebeldia.

Não sabe onde está o perdão,

Então como vamos errar?


E você quer

Que eu te diga

Exatamente o que fazer

Mas a estrada que percorri

Não é a mesma pra você


Todo mundo te avisou

Eu sei que ninguém te preparou,

Mas você vai ter que crescer.


Por isso menino

Tenha cuidado

Se não estou enganado

Vão tentar te convencer

A perder

O que tem de melhor...

Seus sentimentos.


Todo mundo te avisou

Eu sei que ninguém te preparou,

Mas você vai ter que crescer.

terça-feira, 26 de maio de 2009



A Garota de Cabelo Vermelho


Nós parecíamos melhores que hoje
Porque a gente não se conhecia,
Talvez seja o melhor para uma relação.
Mas se eu digo que estou confuso,
Você me corta e diz que está tudo bem.
Oh, às vezes eu quero te chamar de minha garota
Mas eu nunca sei como dizer.


Não sei se posso lhe definir
Mesmo diante de um espelho,
Ao menos você sempre é
A garota de cabelo vermelho.

Quando eu tento lhe dizer alguma coisa,
Você sempre responde: - Eu já sei.
Então são tantas coisas à nossa volta.
Nossos amigos, seus tios, minha família.
Um segundo de olhares, e a gente só ria.
Talvez eu tenha entrado
Para sua vida eternamente
Talvez não mais que uma missão,
Ou um mero flerte.
Mas tantas noites em claro,
Tantas conversas mal dormidas.
De manhã me olhava e sorria,
Eu me pergunto agora
Quem sou eu mesmo

Não sei se posso lhe definir
Mesmo diante de um espelho,
Ao menos você sempre é
A garota de cabelo vermelho.

Será que você tem tanto poder
De me surpreender.
Eu me deixei ser levado
E agora estou livre demais
Para voltar...

Ela tem o cabelo vermelho,
E à noite parece em chamas
Quando dança na minha frente,
Incendiando minha vida.


*Foto: Josiane

quinta-feira, 21 de maio de 2009

E tudo terá jeito, e nada terá fim


Assim era a vida do Serafim.

Todo dia Sim. Todo dia assim.

Acordar, correr, trabalhar, se cansar,

Trabalhar, voltar, mas nunca chegar.

Nunca respirar. Deitar já de pé.

Já com pressa. Depressa.


Achava que pensava, mas não sentia.

Só pressentia que nada tinha.

Que nunca seria, isso ele sabia.

Rotina, labuta, fumaça, cachaça.

Sai, em pé de pressa. Espera, em pé.

Cansa, senta, levanta. Volta, chega.

Não vê que a hora anda, mas seu tempo corre.

Quase morre e não se crê.


Talvez sonhara, que fosse livre longe da repetição,

Talvez um dia tenha coração.

E tudo terá jeito, e nada terá fim...

Assim era a vida... Do Serafim.