sábado, 28 de agosto de 2010

Do Arrebol.

Era tarde. Não era escuro, posto que não se fizera noite, nem era tardio como já tivesse se passado algo a que ele refletia. Era claro e era in-tardecer. A claridade verde amarelada iluminava suas idéias sem razão. E naquele momento não queria ter com o racional. Introduzia-se na tarde por ser naquele momento um ser em acontecimento – transmutando-se com a atmosfera casual e vertendo-se nela, já fundido com a mesma. Sentia o tempo passar nas árvores que o vento jogava fragmentos ao chão. Pensou nos fragmentos de si mesmo. Em quantas vezes fora arremessado e tornou-se um objeto caleidoscópico pois, a vida não lhe tratava com igual suavidade. Embora não fosse isso o que refletia antes; pensava no que era o passar. No passar de si, gotejou um brilho. Já vira muitos antes mas este era novo – é sempre novo. Empalideceu maravilhado e assim desbotou os limiares do escarlate. Este pingado que já se fazia gritante e breve na linha tangente do quadril do mundo. E assim era o seu ser. Assim era o passar. Lá se foi, um por-do-sol.

2 comentários:

  1. Veja só, meu caro... no correr das horas há de se pintar outros tons sempre entre o laranja e o vermelho.Ainda bem velho guerreiro, que os tons de cinza deram espaço para esse arrebol.


    PS: o teu laranja é que me faz ficar bem mais. kkkk

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  2. Você pintou um pôr de sol de palavras!!!!
    Maravilhoso! :)

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