domingo, 7 de fevereiro de 2010

Derreter e Precisar.


É um gosto esquisito. Fica na boca como depois de uma febre; depois de dias febris. Assisto a um filme no computador e entre as cabeças que se beijam nervosamente vejo o reflexo do meu rosto: um vulto amassado, barba por fazer, as tranças se desfazendo, as olheiras derretendo. Eu quero um café bem forte. Penso tanto que não sei por onde começar, mas é uma confusão generalizada. Hoje minha bagunça mental parece ainda maior, num tamanho que poderia envolver toda a cidade e fazer os carros flutuarem. Mas o que flutua é o meu senso de... Sei lá, senso de qualquer coisa, nem eu sei. Meu chão, cadê você? Volta logo que eu estou (des) esperando. Esta foi uma semana atribulada onde faltaram coisas necessárias, sobraram algumas indesejadas. Acho que consegui a medida satisfatória de mim em certas situações, mas faltei totalmente em outras. Faltaram ouvidos quando eu quis fazer confissões. Sobrou espaço para eu deslizar sozinho. Este texto parece destoar do que costumo postar aqui por ser tão confessional (e será que outros já não foram mais?) mas acho ótimo que ele pareça assim, para ajudar a traduzir (é este mesmo o propósito?) o presente: Uma confissão, um destoar, um exagero. Este texto é, sim, para ser diferente do costume. É para que eu possa transbordar aqui o que não me cabe na cabeça, no corpo. Então que este espaço seja usado para suprir minha falta de espaços. Esta semana as pessoas me pediram muito; pediram atenção, pediram carinho, pediram decisões, pediram resultados. E eu também pedi afeto, paciência, compreensão, etc. Muitas vezes o que pedimos é exatamente o que não conseguimos oferecer, outras vezes pedimos o tempo inteiro e nada oferecemos daquilo que poderíamos. Mas independente disso, sempre precisamos de alguém a quem pedir algo e alguém que nos pessa também, que necessite de algo que somos.






3 comentários:

  1. kkkk As vezes é só uma questão de olhar do ponto certo...A medida do que se pede, nem sempre é a medida do que se oferece ou versa... è sempre uma questão de verbalizar. Afinal, quantas vezes vc se cala ou omite o que está sentindo por achar que é óbvio o que se sente? kkkk A vida é uma via de mão dupla. o olhar de quem vai não é o mesmo de quam vem...

    PS: Adoro os seus momentos intimistas!!!Socializar não é um dever, é uma ordem articulada a seu devir.kkkkk

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  2. Gostei da ideia da sua imagem sobreposta ao casal que se beija no filme. É imagem sobre imagem sobre imagem sobre...ao infinito. A vida às vezes é isto: são tantas imagens sobrepostas que nós nem nos reconhecemos.
    Belo texto!
    Abraços,
    Carlos Eduardo

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  3. Só damos o que podemos e a mais não deveriamos de ser obrigados...
    Também só recebemos o que nos podem dar, mas isso por vezes magoa demais, mesmo que saibamos que não é por mal...

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