“De onde vem o jeito tão sem defeito
Que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão”
Que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão”
Hoje estou triste e cabisbaixo, como a essência do que é perda, tentei ouvir música para me distrair, mas atolei pensando no trecho da música De Onde Vem a Calma do Los Hermanos. Talvez não seja minha música preferida, mas acho que é uma das que mais me fala sinceramente. “Faz parte do seu show” alguém me disse. (tudo bem, eu sei que tem gente querendo comprar um ingresso faz tempo). – O meu show é de horrores, e hoje o espetáculo é só para mim. Nele dançam, desequilibram e caem meus Vinícius. Um a um, se enforcam na grande tira de pano na qual desciam e subiam enrolados, tropeçam no vento e despencam da corda bamba. Rede de espinhos logo debaixo. E onde estão os palhaços? Os meus sempre foram fúteis e desqualificados, como velhos bêbados sem um pingo de graça, vergonha ou dó. Palhaços vestidos em 256 tons de cinza. Sete palhacinhos, e nenhum deles faz rir ou chorar. Os leões estão mudos. Os elefantes adormeceram sobre as almofadas da minha consciência. E novamente perguntariam “Onde foi parar o mágico?”. Foi assassinado. Meteu-se numa briga de bar por causa de uma vagabunda sensual e manipuladora, falhou ao tirar a arma desejada da cartola e morreu ali mesmo com três tiros, caído sobre os degraus à beira de paralelepípedos sujos. Alguns dizem que coelhos saíram da cartola para lamber o sangue que escorria, outros dizem que foram flores que saíram na hora do estampido e mais tarde jogadas no enterro, há quem diga que um anel que parecia ser de brilhante surgiu do truque e que ele fora levado pelo policial chamado à cena do crime. De qualquer forma, a viela era cinza, seu sangue agora também. A moça era pálida, seu vestido negro. O céu azul marinho com nuvens castanhas. E a história acaba aqui sem fim, sem cor, sem sabor.
Por um segundo eu estive lá.
ResponderExcluirEscrever sobre momentos assim,revestindo-os de imperfeitas imagens e, nem assim se perder da poesia e do encantamento é um grande feito! Adorei a descrição dos sentimentos ou, se preferir, da sua total ausência.Parabéns!
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