segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Baú Aberto

Começa neste post uma série onde publicarei gradativamente poemas antigos, que por acaso desenterrei do fundo do meu quarto esta semana em meio a escombros, poeira e auto-sabotagem. São poeminhas simplórios mas bonitinhos, de uma visão mais romântica, e que contam um pouco de um passado.
"Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim."


O Tempo

E o tempo foi passando

E nem percebi quando

Me tornei

Inimigo do tempo.


És maldito

Pois arrasta consigo

As minhas lembranças

Tão queridas.


És bendito

Porque amadurece,

Mostra que tudo cresce.


Me trazes a saudade dela.

Porém, não trazes ela.

Me põe de frente com minha mazela:

A certeza incontestável de que

Tudo que começa um dia acaba.

Mas também que todo fim é um início.


E a melancolia,

Tão fria

Enterrada no meu peito

Como uma estaca.


Causada pela consciência

De que o tempo também

Nos trás alívio

E um desespero

De saber

Que o tempo

É como o vento.


Que está sempre passando

Pelos nossos cabelos

Sem olhar para trás.


E quando o vento passa por nós

Veloz.

Deixando os nossos olhos úmidos

É que temos a certeza,

De que junto com o que achávamos

Que tinha começado a pouco tempo

Por causa do tempo

Também estamos ficando pra trás.


06/06/03

3 comentários:

  1. Começou bem Vinícius, realmente é muito bonitinho o poema.
    Concordo que... " Tudo que começa um dia acaba. Mas também que todo fim é um início."

    Deve ser a ordem da vida, todo começo tem seu fim, será que sabemos reconhecer quando chegou ao fim? Na dúvida, largamos o que temos de tão especial e fica - se apenas a saudade.

    Me lembra muito uma frase: "A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo."
    Friedrich Nietzsche

    Que venham mais poemas.

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  2. Vinícius, adoro quando as minhas postagens provocam. Assim as pessoas realmente se mostram. São raros os homens complexos e sensíveis, acredite. A maioria quer ver futebol, tomar uma cerveja, fazer sexo e dormir em paz, não necessariamente nessa mesma ordem...
    Adorei o comentário "apaixonado"!
    Também tenho me questionado muito sobre o pouco/muito/contra/a favor/utilidade do tempo... muito se pensa e pouco se conclui.
    Gostei muito do teu blog, voltarei sempre!
    Beijos!

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  3. Já dizia o Érico Veríssimo: o tempo tem armas letais. O pior inimigo do amor.

    http://vemcaluisa.blogspot.com

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