segunda-feira, 11 de maio de 2009

Boa Noite


Não sei aí, mas aqui paira um fino véu de névoa. Está lindo. O tempo seco, o céu num azul marinho bem escuro e firme, o ar geladinho, quase me faz cócegas ou me dá vontade de tossir se inspiro muito forte e parece que estende a luz das lâmpadas e parece que me envolve, como se uma aura terna e delicada me cobrisse, me abraçasse e parece que... É encanto, de diamante quebrado, pó no ar... Você é minha reticência preferida. Ouço Ode to My Family – Cranberries, assim a voz de Dolores O'Riordan paira junto da névoa dando a ela uma alma, uma forma, fazendo-a brilhar.
Eu queria tocar seu rosto agora. Um toque só, que fosse um afago. E que forma a névoa toma? Qual a cor da alma que ela tem? O que diz a tradução da letra? Essas perguntas não importam. Importa que estejam aqui, a passear em volta e dentro de mim. Eu inspirei o sopro da noite e compreendi além da forma, além do sentido que o tolo vê. Não importa como vou dizer. Se eu sinto, importa que eu diga. Se eu digo, acontece. Tudo de novo, a névoa passando para fora de mim. Inspiro fundo. Alma de gelo nos meus pulmões, as notas cintilam na minha cabeça. E neste momento eu sou a alma e a nota. Eu sou a ternura na boca da moça. Eu sou o brilho que flutua. E eu vou notívago, antes que os raios de sol me descubram, até você num beijo transparente... Boa Noite.

Um comentário:

  1. Tem dias que meus pés não alcançam o chão. então, posso ver tudo do alto sentadinha em uma nuvem fofinha...Gosto dessa sensação.

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