terça-feira, 30 de agosto de 2011

Acorde, William

Músicas acústicas lentamente embalavam os movimentos de ambos. Entre distantes sons ocos e ritmados os corpos cochichavam segredos através de tímidos gemidos e arquejos. Tudo amiúde. A cama não tinha fim, tudo era cama. No entorno, roupas espalhadas, tons de marrom, verde, brincos de madeira. Tudo exalava cheiro de canela. Amálgama com o suor de seus corpos.

De repente tudo some, acorda na cama vazia, vai até a cozinha, pega um café, cruza a sala e se debruça na sacada. Pensa consigo que aquilo nem tem gosto de café, se pergunta se já provou realmente o gosto de café, não se pode confiar no que já nos vem pronto. Olha para baixo, não quer focar em nada e só uma frase ecoa naquele silêncio:

Agora é que estou tendo um pesadelo.