sábado, 28 de agosto de 2010

Do Arrebol.

Era tarde. Não era escuro, posto que não se fizera noite, nem era tardio como já tivesse se passado algo a que ele refletia. Era claro e era in-tardecer. A claridade verde amarelada iluminava suas idéias sem razão. E naquele momento não queria ter com o racional. Introduzia-se na tarde por ser naquele momento um ser em acontecimento – transmutando-se com a atmosfera casual e vertendo-se nela, já fundido com a mesma. Sentia o tempo passar nas árvores que o vento jogava fragmentos ao chão. Pensou nos fragmentos de si mesmo. Em quantas vezes fora arremessado e tornou-se um objeto caleidoscópico pois, a vida não lhe tratava com igual suavidade. Embora não fosse isso o que refletia antes; pensava no que era o passar. No passar de si, gotejou um brilho. Já vira muitos antes mas este era novo – é sempre novo. Empalideceu maravilhado e assim desbotou os limiares do escarlate. Este pingado que já se fazia gritante e breve na linha tangente do quadril do mundo. E assim era o seu ser. Assim era o passar. Lá se foi, um por-do-sol.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Das coisas que eu não sei

Sei que o amor é perto

É feio, forte

Quando dura um tempo.

Enquanto queima a lágrima

É que se pode sentir


Sei que o amor é prego

É um inferno amarelo

Dá carinho e maltrata

Pra viciar e deprimir


Que esmaga com martelo

Os pés de quem ama

Para nunca mais fugir.

Que cega ambos os fantoches

Para que não vejam logo ali.


Sei que o amor eterno

É quase terno

Se não fosse pelo vício

De não querer se dissolver.

É terno e gravata atirados

Cuidadosamente sobre a paixão

Numa cama de verão.


Sei que o amor canalha

É feito corte de navalha

Que não livra a ninguém

Mas é gostoso e lhe cai bem